Por Daniela Peregrino
A regra jornalística exige, logo de cara, que se diga "o quê?, quando?, onde?, como?, quando? e por quê?". No meio de tantas interrogações o aspirante a Jornalista entende, aos poucos, que é preciso cumprir a ordem da pirâmide invertida. Mas os paradigmas já não são tão rígidos, o new journalism tratou de quebrar as correntes burocráticas do lide. Veio o Jornalismo Literário, de profundidade, onde o repórter mergulha na matéria com a intenção de relatar os fatos nos mínimos detalhes. Estilos a parte, a essência é a mesma: noticiar aquilo que é de interesse público. No Brasil, segundo a Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) 2007, a disseminação de informações é feita por 37.200 Jornalistas. O Estado que mais emprega é São Paulo, com 11.153 profissionais. Rio de Janeiro fica em segundo lugar (3.893), e o Rio Grande do Sul em terceiro (2.952).
Juliana Godoy acaba de entrar para as estatísticas. A Jornalista, recém-formada pelas Faculdades Integradas Barros Melo (AESO), comemorou, em 07 de abril, o Dia do Jornalismo. A data foi escolhida em homenagem a João Batista Líbero Badaró, médico e jornalista, brasileiro de origem italiana, que morreu assassinado por inimigos políticos, em São Paulo, no dia 07 de abril de 1830, durante uma passeata de estudantes em comemoração aos ideais libertários da Revolução Francesa. E foi um ideal que encaminhou Juliana ao mundo das reportagens. “Durante o ensino médio decidi fazer o curso. Minha mãe não gostou da ideia, por isso, na época do vestibular - em 2006 - tentei também Administração. Mas fiquei com a primeira opção”.
No segundo ano de faculdade a estudante começou um estágio voluntário num dos jornais da capital Pernambucana – caderno de suplementos. “Passei um ano na redação e de lá fui trabalhar em assessoria, mas fiquei só um mês porque logo fui chamada de volta para o impresso. No periódico ainda participei de vários projetos, inclusive o jornal em braile, que foi fundamental na minha formação”. A rotina de uma editoria encantou Juliana. “A dinâmica do aqui e agora me arrebatou de vez. O jornalismo tem uma certa urgência, tudo é para ontem e no final do dia, tudo se renova”. Ela ainda comenta: “Pretendo me aperfeiçoar cada vez na profissão. Não dá para se acomodar, ainda mais agora que qualquer um pode ser chamado de Jornalista”.
Diploma - Em 17 de junho de 2009, o Supremo Tribunal Federal suspendeu a obrigatoriedade do diploma de Jornalismo – em 17 de outubro de 1969 a profissão tinha sido regulamentada. Em seu artigo 4º, o Decreto-Lei N. º 972 diz que haveria, a partir de então, obrigatoriedade do "diploma de curso superior de Jornalismo, oficial ou reconhecido, registrado no Ministério da Educação e Cultura ou em instituição por este credenciada". Segundo Antônio Martins, Coordenador do curso de Jornalismo da Barros Melo, o fato não interfere no aprimoramento acadêmico. Embora o egresso concorra no mercado de trabalho com candidatos detentores dos mais variados tipos de formação, há técnicas, princípios, valores e conceitos que constituem o conhecimento necessário para a prática da profissão. Outro fator está relacionado à procura, por parte das empresas da área de comunicação, de profissionais com diploma. “Com a suspensão da obrigatoriedade, tais empresas terão total liberdade para contratar pessoas de outras áreas, que passam então a exercer atividades próprias do Jornalismo. Mas não há, por outro lado, qualquer relação imediata de causa e efeito que nos faça crer que os formados serão descartados desse processo “, comenta. Sobre a questão Juliana desabafa: “Acho um absurdo a não obrigatoriedade do diploma. Claro que um economista pode falar melhor de economia do que eu, mas ele sabe como passar isso para a sociedade? Acho que a decisão é um retrocesso”.
Violência contra Jornalistas
Além da questão do diploma os Jornalistas enfrentam outra problemática. A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) informou, em 25 de março de 2010, que apenas no ano passado, o órgão condenou publicamente a morte violenta de 78 profissionais. De acordo com a Federação Internacional de Jornalistas, 2009 foi um dos anos “mais sangrentos” da história recente. As Filipinas, onde ocorreram 37 mortes, lideram o ranking da violência. Em seguida vem o Iraque, que registrou 15 assassinatos. Na América Latina, o México teve 13 mortes confirmadas em apenas um ano. Os dados da Unesco mostram que, em geral, as ameaças e mortes ocorrem em países onde não há conflitos armados. A maior parte dos crimes, de acordo com o organismo, tem relação direta com o tráfico de droga, a violação de direitos humanos e a corrupção.
No Brasil, um dos casos emblemáticos de violência contra profissionais de imprensa ocorreu em 2002. O episódio provocou a morte do Jornalista Arcanjo Antonino Lopes do Nascimento, conhecido como Tim Lopes, de 52 anos.Funcionário da TV Globo, Tim Lopes apurava uma denúncia sobre a ação de traficantes na Vila Cruzeiro, no subúrbio do Rio de Janeiro, quando foi rendido. Antes de matar o profissional, os traficantes promoveram seu julgamento. Investigações policiais mostraram que ele foi torturado antes de morrer e levou golpes de espada. O corpo foi queimado (Fonte: Agência Brasil).
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